Rota da Felgueira

Alguém sabe porque foi dado este nome ao II Passeio Pedestre organizado pela Olheiro - Associação dos 8?

Com o sugestivo nome de Rota da Felgueira, decorreu no Domingo, dia 21 de Março, mais uma edição do projecto "Percursos Pedestres”, promovida pela Olheiro - Associação dos 8.
Desta vez, com uma distância total de aproximadamente 10 km, esta actividade teve a adesão de cerca de 60 pessoas. Após o encontro, marcado para as 14,30 horas, em frente à Escola Primária de Aljuriça, que funciona também como sede da Associação procedeu-se, no terreno em frente à escola, à plantação de uma oliveira que certamente irá frutificar e fornecer azeite para acompanhar alguns dos pratos tradicionais da nossa terra. Com este gesto, comemorou-se o Dia Mundial da Árvore e da Floresta e também o início da Primavera.
Logo após, foi dado o "apito de partida" e, alegremente, todos os participantes arrancaram, decididos a atingir o objectivo inicialmente traçado.
Passando pelo Esterpal, Prages, Rosmaninhais, Feira dos Treze, foram-se contando e ouvindo histórias, antigas muitas delas, mas que contribuíram para o animado ambiente que se verificava em toda a caravana. Continuando embrenhados pela bonita paisagem envolvente e acompanhados por um radioso sol que neste dia conseguiu ofuscar os anteriores dias chuvosos, a longa fila de caminhantes foi vencendo as baixas dificuldades que o trajecto apresentava.
Quem habitualmente participa numa iniciativa deste tipo tem uma elevada consciência cívica e ambiental, facto que foi possível comprovar, pois todos os participantes, apesar de com um dia de atraso, se associaram ao programa Limpar Portugal, apanhando papéis, plásticos, embalagens, etc, ao longo da caminhada, que depois eram depositadas em sacos de lixo que valorosos companheiros se ofereceram para transportar. Pelo entusiasmo de todos e, infelizmente, pela quantidade de lixo que se foi encontrando, a meio do percurso a meia dúzia de sacos disponíveis já se encontrava cheia, pelo que foram depositados junto de um contentor de recolha de lixo.
Voltando ao percurso, depois de vencidas as colinas das Moreiras, atravessada a linha de caminho de ferro e entrando em terreno da vizinha freguesia de Arazede, eis que a comitiva chega ao Pinhal da Felgueira. Nome curioso para uma zona florestal. Como sabem, “felgueira” será uma zona onde predomina determinada planta. “Felgueira” deriva do termo "felgaria", que significa "terreno coberto de fetos que, quando secos, são avermelhados (rubeans ou rubeas)".
No local, o Presidente da Associação, Carlos Rocha, explicou que deste agora pouco acolhedor local, foram retirados inúmeros vagões de saibro que serviu de lastro para a construção da linha do caminho-de-ferro, agora baptizado Ramal da Figueira da Foz, que, partindo da Pampilhosa, atravessando o Concelho de Cantanhede, chegava à cidade da Praia da Claridade. Outro colaborador (Carlos Gregório), deu algumas explicações acerca da evolução histórica deste ramal, outrora fazendo parte da Linha da Beira Alta. Ficou a saber-se que por volta de 1882 El Rei D. Luiz passou pelo Casal, que existiram comboios que se chamavam “Allan” e que as estações de Arazede, Lemede, Cantanhede e Murtede e todas as outras do Ramal, ostentam uma placa com a distância e altitude do local.
Após estas breves, mas interessantes (dizemos nós…) explicações, a comitiva fez-se à linha de caminho-de-ferro e partiu rumo a nova paragem. Galgando solipa após solipa, os viajantes chegaram a terras do Casal e desembarcaram no apeadeiro local. Aqui, foi servido um lanche de 1ª classe, viram-se passar pelo local saborosos bolos, sumarentas laranjas e deliciosas e finas bebidas que todos puderam e souberam apreciar, sempre servidos com a simpatia e celeridade do pessoal de serviço. Após este opíparo lanche, com "a fornalha atestada" e com "a caldeira a ferver", foi ver partir os caminhantes "a todo o vapor" e com energia suficiente para vencer a etapa final.
Atacaram-se novamente as solipas e, após algumas centenas de metros, toda a comitiva abandonou o caminho-de-ferro e rumou a caminho de terra batida que a todos levaria à zona dos Barrios, a partir da qual era possível vislumbrar as terras de Guímera. Passando pela casa do Padre Mário Brito, e adjacentes, os entusiásticos participantes, chegaram à Carvalheira a boa velocidade, inclinaram-se na curva do Evaristo e aproveitaram a descida para embalar e chegar ao Largo de São Pedro que os recebeu com vivas e anunciou o final da jornada.
Com os "bofes de fora", mas com o espírito de dever cumprido, todos os participantes que iniciaram este passeio chegaram ao recreio da Escola de Aljuriça, suspirando pelo cansaço, mas também por uma nova edição de uma Viagem na Minha Terra.
Obrigado a todos os participantes pela presença nesta iniciativa.
A Direcção
Aljuriça, 7 de Abril de 2010